Protestos no Rio: PM mentiu ao dizer que rapaz foi preso com coquetel molotov

Ao contrário do que a Polícia Militar divulgou, o estudante Bruno Ferreira Teles não portava uma mochila com coquitéis molotov quando foi preso na segunda-feira, durante protesto no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio. A informação foi divulgada com exclusividade pelo Jornal Nacional, que teve acesso ao depoimento do policial que efetuou a prisão de Bruno. Segundo o PM, nenhum artefato explosivo foi encontrado com o rapaz. Tanto a Polícia Militar como a Polícia Civil haviam divulgado justamente o contrário. O Ministério Público está analisando o caso e deve se pronunciar a respeito até a próxima segunda-feira, dia 29.
As polícias também não chegaram a um consenso quanto à quantidade de coquetéis molotv apreendidos. Segundo a PM foram 20 os artefatos encontrados numa mochila, a cerca de 700m do local onde Bruno foi preso. Já a Polícia Civil divulgou em nota que o número era de 11 coquetéis molotov.
Bruno passou a noite preso e, no dia seguinte, foi levado para Bangu II. No mesmo dia, o presidente da comissão criada pelo governo do Rio para investigar o vandalismo em manifestações disse que o MP ia denunciar o manifestante por tentativa de homicídio. Mas na manhã de terça os advogados do manifestante conseguiram um habeas corpus, concedido pelo desembargador Paulo de Oliveira Lanzelloti Baldez, que argumentou que nenhum artefato explosivo havia sido apreendido com Bruno, e que a prisão em flagrante não tinha fundamento "idôneo e concreto".

Pressão nas redes sociais

Muitos internautas postaram vídeos que mostraram a manifestação em Laranjeiras, inclusive a prisão de Bruno. Num deles, o estudante passa correndo sem nada nas mãos, cai no chão e, mesmo sem esboçar reação, acaba sendo atingido por um policial, que encosta em seu peito uma pistola taser (de choque elétrico). Em imagens feitas por um cinegrafista da TV Globo, Bruno aparece à frente da manifestação, mas sem nenhuma mochila. Em outro vídeo postado na internet, um homem trajando calça clara e camisa escura com estampa clara atira um coquetel molotov contra a polícia. Em seguida, imagens mostram supostamente o mesmo homem correndo na direção da tropa de choque, passando sem problemas e tirando a camisa que usava.
Enquanto Bruno era levado preso, um policial questiona quem o havia prendido, quando um outro PM responde que tinha sido um P2 (policial disfarçado e infiltrado entre os manifestantes.
Em depoimento à Mídia Ninja, Bruno reafirmou que não carregava mochila nenhuma e completou: "Eu acredito, como eu fiquei na frente lá, falei muito com testemunho, fiquei meio com o rosto marcado, entendeu? E eu não usei máscara, acho que não tenho motivo pra usar máscara, no momento em que não tá errado", disse Bruno. Nas redes sociais, o principal comentário é de que os policiais infiltrados teriam iniciado propositalmente o tumulto na manifestação de segunda-feira.
Tal comentário provocou imediata reação do relações-públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, que se disse "enojado" com a acusação. Em nota, a PM disse que "imaginar que um policial vá atirar um coquetel molotov em colegas de profissão, colocando suas vidas em risco, é algo que ultrapassa os limites do bom-senso e revela uma trama sórdida para justificar a violência criminosa desses vândalos".

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