Comandante de um dos principais centros de repressão à luta armada durante a ditadura militar, o coronel Brilhante Ustra negou que tivesse havido tortura e mortes nas dependências do DOI-Codi em São Paulo, contra evidências e relatos de sobreviventes.
O governo não quis comentar as declarações do coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura militar. “A nossa atual presidente da República pertenceu a quatro organizações terroristas que tinham no seu programa isso: implantar o comunismo no Brasil”, afirmou.
A afirmação foi feita durante o depoimento dele à Comissão da Verdade, criada para apurar violações dos direitos humanos no Brasil entre os anos de 1946 e 1988. Mesmo com o direito de ficar calado, graças a uma liminar que obteve na Justiça, o coronel preferiu falar.
Ustra negou ter praticado tortura e disse que cumpria ordens da Presidência da República e do comando do Exército para combater organizações terroristas. Ustra enfrentou duros relatos e acusações.
Claudio Fontelles, um dos integrantes da Comissão da Verdade, mostrou um documento que era secreto e que registra a morte de 50 presos no DOI-Codi entre 1970 e 1974, sob o comando de Ustra. Irritado, o coronel negou. “Eram uns anjinhos que estavam lá dentro e foram mortos? Não, senhor. Foram mortos de armas na mão, na rua”, disse.
O clima ficou tenso quando Fontelles perguntou se Ustra ficaria frente a frente com Gilberto Natalini, atual vereador da cidade de São Paulo, que foi preso e torturado. “Não faço acareação com ex-terrorista, não faço”, afirmou.
“Não sou terrorista, coronel. Terrorista é o senhor, terrorista é o senhor, o senhor é terrorista. Eu não sou terrorista, eu sou brasileiro de bem. O senhor é torturador”, respondeu Natalini, que afirmou que foi torturado pelo coronel. “O coronel Ustra me bateu pessoalmente”, disse.
O ex-sargento Marival Chaves também falou à Comissão da Verdade. Trabalhou no DOI-Codi quando o órgão era comandado por Ustra e confirmou a existência de dois centros de tortura. “Um capitão era, naquela ocasião, o senhor da vida e da morte", afirmou.
Chaves também disse que os corpos eram exibidos como troféus. Segundo ele, isso aconteceu com os militantes Antônio Carlos Lana e Sônia Angel. “Esse casal foi trazido para o DOI depois de morto e exposto à visitação pública, à visitação pública dos componentes do órgão”, disse.
- Fonte: http://tinyurl.com/qa4nfrn
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