Em março de 1964, o governo de João Goulart estava por um fio. Sob o
contexto da Guerra Fria, as forças políticas da nação se mostravam
divididas entre projetos de governo que determinaram uma oposição de
forças não mais sustentada pelo jogo político populista. De um lado, os
movimentos sociais e os partidos de esquerda militavam em favor de
amplas reformas sociais e políticas. De outro, os conservadores e as
elites projetavam o desenvolvimento concentrador pensado de cima para
baixo.
Foi nesse cenário do referido mês que o anúncio das Reformas de Base,
divulgado no Comício da Central do Brasil, foi logo respondido com a
Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Dada essa cisão entre direita
e esquerda, forças militares se mobilizaram para então retirar o
presidente Jango do poder. Sem apresentar resistência, João Goulart
entregou o cargo e se dirigiu para o Rio Grande do Sul. Lá, encontraria o
genro e deputado federal Leonel Brizola disposto a organizar uma
reação.
Nascia então o Movimento Nacionalista Revolucionário, uma das
primeiras tentativas organizadas para se tentar derrubar o regime
militar brasileiro. Leonel Brizola acreditava que a convocação da
população para a luta seria uma alternativa possível para que o governo
militar não se consolidasse. Não por acaso, com o apoio do presidente
Fidel Castro, o deputado gaúcho enviou um destacamento de guerrilheiros
que treinariam com as forças do governo de Cuba.
Em março de 1965, ainda insistindo na via armada, Leonel Brizola
forneceu apoio a uma coluna, que partiu da cidade gaúcha de Três Passos
em direção ao Mato Grosso. A expectativa inicial era de que a referida
coluna, então liderada pelo ex-coronel Jefferson Cardim e composta por
outros dezessete guerrilheiros, conquistasse novos apoiadores para que a
ação tomasse corpo. No entanto, quando chegaram à cidade paranaense de
Cascavel, os envolvidos foram surpreendidos pelas forças oficiais.
A ação mais ambiciosa do MNR viria a acontecer no ano de 1967, com a
organização da Guerrilha do Caparaó. Dada como um fruto do apoio cubano à
Brizola, essa ação de guerrilha se instalou na divisa dos estados de
Minas Gerais e Espírito Santo. O objetivo fundamental era, a espelho da
experiência revolucionária cubana, promover um movimento que viesse a
ganhar o apoio popular. No entanto, acabaram sendo desarticulados sem
nem mesmo chegar a lutar contra militares.
Sem conseguir resultados significativos em suas investidas, Leonel
Brizola enterrou os projetos de luta lançados pelo Movimento
Nacionalista Revolucionário. Enquanto o referido político vivia o exílio
em terras uruguaias, outros partidos e movimentos deram prosseguimento
às tentativas de derrubar os militares pela força das armas. Apesar da
continuidade, os militares tiveram êxito na organização de mecanismos
que detivessem essas outras ações de confronto.
- Fonte: http://tinyurl.com/cnbtluh
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