Morre Leonardo Morelli, apontado como "líder Black Bloc"

De alpargatas, cabelos desalinhados, barba por fazer, o indefectível bigode de cantor de tango e a simplicidade que o mundo aprendeu a ver como autêntica, o presidente do Uruguai, José Alberto Mujica Cordano, ou simplesmente Pepe Mujica, 78 anos, recebeu ontem Zero Hora em sua chácara de Quincho Varela, distante 20 minutos do centro de Montevidéu. Mujica é amável. Na entrada de madeira da propriedade, a já famosa cachorrinha perneta Manuela aproxima-se dos visitantes, aceita os afagos. Há outros dois cães e um gato à porta da residência, mas só ela acompanha o homem que governa 3,5 milhões de uruguaios.

A chácara é o seu recanto do ex-guerrilheiro tupamaro, em meio a livros, flâmulas e recordações. Ali, produz seu próprio Tannat e planta acelga, beterraba e flores. A única segurança à vista é um carro da polícia. Um furgão serve de transporte presidencial, em lugar do Fusca azul, ano 1987, que valeria algo como US$ 900, não fosse o ilustre proprietário.

Na entrevista, de 50 minutos, o presidente uruguaio define como um "teste social" a legislação que regula a produção e o consumo de maconha, aprovada pela Câmara dos Deputados e à espera de votação no Senado. Defende um mundo mais justo e sem preconceitos. Põe fé num Mercosul vitaminado, critica a Argentina e diz que o mensalão não ocorreria em seu país.

O líder dos grupos Black Blocs, Leonardo Aguiar Morelli, 53 anos, foi encontrado morto em um hotel do Centro de Florianópolis na última segunda-feira, dia 16. Morelli é dirigente da ONG Defensoria Social - que seria um dos braços de apoio dos Black Blocs - e auxiliava na coordenação do grupo no país. Seu corpo não apresentava sinais de violência e a causa da morte seria natural.

Ele havia chegado à Capital catarinense no sábado e estava prestes a voltar para Curitiba, onde morava.  Porém, funcionários do estabelecimento estranharam a sua demora em sair do quarto no horário do check out. Eles tentaram contato por telefone e, sem resposta, entraram no local. Foi quando o encontraram caído, já sem vida, entre duas camas de solteiro.

A morte dele só veio a público dois dias depois, na noite da última quarta-feira. Segundo o jornalista Altamir Andrade, amigo pessoal de Morelli, ele estava em Santa Catarina para tratar de causas ambientais que o incomodavam nos últimos meses.

Em setembro, quando também esteve no Estado, Morelli entregou a Altamir uma carta onde fazia graves denúncias contra uma empresa de Joinville, que estaria disponibilizando areia contaminada para a produção de concreto, saneamento básico e pavimentação - o que estaria causando câncer na população.

Preocupado com problemas de saúde e com as perseguições que sofria, ele teria pedido para o amigo guardar o documento e só divulgá-lo caso algo lhe acontecesse. A carta foi publicada na íntegra no blog de Altamir na noite de quarta.

Morelli e a empresa que ele denuncia no documento estavam brigando na Justiça: ela o teria processado por denúncias anteriores, sobre o mesmo motivo. A nova vinda ao Estado, no fim de semana, também teve relação com isso: ele estaria com reuniões marcadas para discutir o assunto. No dia que foi encontrado sem vida, Morelli trazia no bolso o cartão do advogado que o defendia na causa contra a empresa.

- Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/12/lider-dos-black-blocs-e-encontrado-morto-em-hotel-em-florianopolis-4369125.html
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