Rejane Hoeveler
do Rio de Janeiro (RJ)
Cabral insiste na bênção papal para tentar recuperar sua imagem. Mas a cada passo têm ficado cada vez mais claras as ligações do Estado com as verdadeiras máfias capitalistas que controlam setores como transportes e a saúde privada – dessa vez, a serviço da “papafolia”.
Na última terça-feira (16), por exemplo, descobriu-se que o Loteamento Vila Mar, terreno em Guaratiba, onde será rezada a missa que encerrará a JMJ, é de propriedade de Jacob Barata Filho, herdeiro do “rei dos ônibus” do Rio. O terreno de mais de 200 campos de futebol teria sido cedido “gratuitamente” à organização do evento.
No mesmo dia, porém, foram fotografados caminhões da Prefeitura realizando obras de terraplanagem no local – o que, no mínimo, multiplicará o valor do terreno. Este escândalo só vem a se somar com diversas outras irregularidades que demonstram como esses governos são capazes de tudo para defender os interesses capitalistas.
Recentemente, uma licitação cercada de irregularidades transferiu para a Prefeitura gastos de 7,8 milhões de reais, em benefício de empresas privadas de saúde que prestarão serviço durante a JMJ.
Apenas pra papa ver
Os governos e a imprensa dizem que a cidade ganhará com os milhões de turistas. Porém, só quem realmente lucra são os empresários do setor de turismo, os mesmos que junto com a máfia dos ônibus financiaram as campanhas eleitorais milionárias de Cabral e Paes.
Outra das justificativas apresentadas para estes gastos seriam supostas melhorias para a cidade. Só que nenhuma melhoria significativa está sendo verificada, nem sequer na comunidade que o papa irá visitar.
A favela da Varginha, no Complexo de Manguinhos (zona norte do Rio), esperava que pelo menos fosse haver melhorias no asfalto, na coleta de lixo e no sistema de esgoto. Chegada a semana da visita, Varginha segue a mesma, com exceção da colocação de caçambas que substituirão os antigos tonéis de lixo, e alguns remendos nos buracos do asfalto.
A região faz parte de uma das áreas no Rio conhecidas como “faixa de Gaza”; e em janeiro deste ano, recebeu uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Segundo matéria publicada no UOL, apenas uma semana antes da sagrada visita, “enquanto a reportagem visitava a comunidade, um motociclista parou e alertou que era melhor evitar fotografias. Além disso, diversos moradores evitaram entrevistas.” Ou seja: não “arrumaram” nem “onde o padre passa”, como diz o velho ditado, mas a UPP receberá a bênção.
(Foto: Tomaz Silva/ABr)
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