Lado ninja do protesto

Eles vão às ruas com câmeras na mão e uma ideia fixa na cabeça: mostrar as manifestações das últimas semanas ao vivo e sem cortes. Há quatro meses, essa tem sido a rotina dos jovens integrantes do grupo Mídia Ninja (sigla de Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). Suas transmissões pela internet se tornaram uma espécie de canal oficial dos protestos.

Os ‘ninjas’ correm risco ao usar seus iPhones em meio ao conflito de policiais e manifestantes, com pedras e balas de borracha voando. “Queremos democratizar a informação”, diz Filipe Peçanha, de 25 anos, o Carioca, que, apesar do apelido, é mineiro. “O objetivo é mostrar o que as emissoras de TV convencionais não mostram”.

Além de divulgar as passeatas no Facebook, o grupo tem ajudado a denunciar e evitar abusos policiais. Por isso, a chegada de um ‘ninja’ ao local de protesto muitas vezes é festejada. “Isso é um grande incentivo”, admite Filipe. O sucesso vai das ruas à casa dos internautas. Nas manifestações à frente do Palácio Guanabara, quinta-feira, a audiência chegou aos 100 mil espectadores.

O Mídia Ninja nasceu em São Paulo, mas a atuação no Rio é intensa. Carioca recorda seu momento mais tenso: “Foi na final da Copa das Confederações, quando todos ficaram encurralados, com as tropas da polícia avançando e lançando bombas”.

Ele fez coberturas também nas manifestações paulistas e identifica uma diferença importante para as passeatas do Rio: “Aqui, os manifestantes têm Sérgio Cabral como alvo. Em São Paulo, nada respinga em Geraldo Alckmin”.

Há representantes do Mídia Ninja em todos os estados do Brasil. Com o sucesso das transmissões das manifestações, muita gente tem se oferecido para ajudar o grupo. “Planejamos criar uma rede de colaboradores ainda maior”, antecipa.

Começo foi no meio artístico


O grupo Mídia Ninja surgiu a partir do trabalho da Casa Fora do Eixo, de São Paulo. Trata-se de um coletivo de artistas e produtores culturais que atuam desde 2005. Para divulgar os projetos, há quatro anos foi criado um núcleo de comunicação. Depois de começar com transmissão de festivais e eventos artísticos, o conteúdo passou a ser mais social.

Com a explosão das manifestações organizadas pelo Movimento Passe Livre, no início de junho, o Mídia Ninja passou a ter seu pico de audiência. A criatividade é a marca constante do grupo. “Um de nossos equipamentos mais úteis é um carrinho de supermercado com gerador, caixas de som, computador, câmeras, microfone e mesa de corte” , revela Carioca.

- Fonte: http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2013-07-15/lado-ninja-do-protesto.htm
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