RIO — Um bate-boca no Twitter entre o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) e o perfil institucional da Polícia Militar movimentou a rede social na noite de quarta e se estende até esta quinta-feira. Tudo começou com um post da PM afirmando ter solicitado apoio do parlamentar e do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Chalréo, mas eles teriam recusado o pedido do comandante Erir Ribeiro. Em seguida, a corporação perguntou o que o deputado e a ordem sugeririam para conter “esse tipo de manifestação”. Freixo respondeu que a polícia “perdera qualquer resíduo de seriedade”. E questionou por que não havia sido chamado para dialogar em nenhum momento.
O post da PM era, na verdade, a ponta de um iceberg de discussões que já haviam acontecido momentos antes, enquanto lojas eram saqueadas e vidraças, quebradas no Leblon. Segundo Freixo, o comandante da corporação lhe telefonou por volta das 23h45m, “aos berros” exigindo que o deputado parasse o quebra-quebra no bairro da Zona Sul.
— Expliquei ao comandante que, horas antes, havia conversado com o secretário de Segurança José Mariano Beltrame sobre a manifestação na Rocinha a pedido dos moradores da comunidade. Beltrame havia agendado então uma reunião para hoje com parentes do pedreiro desaparecido. Mas, no caso do Leblon, expliquei que eu não poderia fazer nada. Todos sabem que esses protestos são espontâneos. Nem se alguém quisesse controlar conseguiria. Erir me disse então que eu aguardasse para ver o que ele iria fazer. Inacreditável! Se utilizando de um instrumento instituicional para fazer ataque político. Nem o governador fez isso. Como um comandante tem esse destempero? Isso não é a postura adequada para quem comanda a polícia — contou Freixo.
Em outro post, também publicado no Twitter durante a madrugada, o perfil da PM pergunta: “@MarceloFreixo @OABRJ_oficial O que o Senhor sugere para conter este tipo de #manifestação?”. O deputado afirmou nem ter passado perto do Leblon, pois sabia o que ocorreria e não queria dar motivos ao governo para politizar a questão. Ainda segundo Freixo, à 1h30m, Beltrame lhe telefonou perguntando o que estava acontecendo.
— Contei da ligação do Erir e Beltrame ficou rindo. Disse que não sabia que o comandante faria isso. É um nível de desgoverno assustador. É uma cena patética, e o Rio em chamas. Como se eu tivesse responsabilidade. O que ele (Erir) queria que eu fizesse? Descesse da minha casa com um balde d’água para apagar o incêndio? — ironizou Freixo.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança disse, em nota, que Beltrame ligou para o deputado apenas para adiar a reunião marcada, para esta quinta-feira, com moradores da Rocinha. “Se o deputado avalia que colherá dividendos políticos envolvendo o secretário, a sua estratégia está profundamente equivocada”, completa.
Na avaliação do parlamentar, a PM pensou apenas na instituição e não na sociedade quando planejou sua ação no Leblon. Ao concentrar o policiamento nas ruas próximas à casa do governador Sérgio Cabral e deixar desguarnecidas outras áreas do bairro, a corporação teria permitido que a situação se agravasse.
— Espero que essa ação não tenha ocorrido para justificar a violência empregada nas manifestações anteriores. Não estou defendendo o quebra-quebra. O que parece é que a ocasião está sendo usada para se mostrar que existe um inimigo.
Procurada, a PM ainda não se pronunciou sobre a questão.
Fonte: http://extra.globo.com/noticias/rio/em-meio-caos-na-zona-sul-policia-militar-discute-com-deputado-marcelo-freixo-no-twitter-9087960.html#ixzz2ZVqqtu6H
0 comentários:
Postar um comentário