No dia 12 de abril de 2002, a Rede Globo de Televisão protagonizou um dos espetáculos mais absurdos da história do telejornalismo brasileiro. Na madrugada anterior, um golpe de estado derrubara do poder o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, após um grande protesto dos setores mais ricos do país contra a política de nacionalização dos recursos e controle da PDVSA (equivalente à Petrobrás venezuelana). O protesto, convocado pelos canais de televisão da Venezuela, acabou em tragédia, com a morte de 19 pessoas e mais de 70 feridos, no que ficou conhecido como o “massacre de Puente Llaguno” (nome de um viaduto próximo ao palácio presidencial). Uma jogada de marketing político, friamente calculada, que incluiu o uso de franco-atiradores (snipers), da polícia metropolitana (sob o comando da oposição) e da repetição de imagens manipuladas (distorcendo totalmente a origem dos disparos).
No Brasil, a Globo não apenas aplaudiu a derrubada de Chávez, mas comemorou com euforia o golpe midiático. Pela primeira vez em anos, a América Latina assumia o papel principal em uma edição do Jornal Nacional, com ampla cobertura dos protestos contra Chávez em todos os blocos. Após uma série de reportagens criticando duramente o presidente da Venezuela, surge Arnaldo Jabor segurando uma banana: “Eu ia dizer que a América Latina estava se re-bananizando, com o Hugo Chávez no seu delírio fidelista, a Colômbia misturando guerrilha e pó, e a Argentina legitimando o preconceito de que latino não consegue se organizar. Mas ai, hoje, o Chávez caiu. Só que os militares entregaram o governo a um civil democrata. Talvez a América Latina tenha entendido que a idéia de romper com tudo, do autoritarismo machista, só dá em bananada. Por isso acho boa noticia a queda do Chávez. Acordamos mais fortes hoje e eu já posso des-bananizar a América Latina. Para termos respeito da América e do mundo temos de ser democráticos. Tendo moral pra dizer não” (e jogou a banana pro alto).
O que em nenhum momento o JN informou foi que o primeiro ato do “civil democrata” Pedro Carmona (que assumiu a presidência) foi dissolver o Congresso e destituir todos os membros da Suprema Corte e de todas as demais instâncias de poder do país, com forte repressão nas ruas, transformando de um dia para o outro a Venezuela em uma ditadura.
Ao contrário, com a soberba de sempre, William Waack repetiu o discurso global: “o estilo mandão de Chávez prova que a era do populismo não funciona. Quem trata a democracia como ele tratou, desrespeitando instituições e preferindo mandar com a bota em vez de dialogar, não deve ficar espantado ao ser varrido do poder”, vociferou o âncora do Jornal da Globo. Anos depois, ao ser perguntado sobre “liberdade de expressão” por um jovem jornalista brasileiro do “O Globo”, Hugo Chávez disse algumas verdades às Organizações Globo… (TEXTO de “Ocupa a Rede Globo”). (Ao final do vídeo, há uma breve explicação sobre o massacre de Puente Llaguno).
- Fonte: http://tinyurl.com/c3jr7qp
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