Oposição diz que ataque com armas químicas matou mil na Síria


Um ataque com armas químicas nesta quarta-feira matou centenas de pessoas próximo à Damasco, a capital da Síria, segundo ativistas de oposição sírios.
A principal aliança de oposição na Síria afirma que mais de mil pessoas foram mortas. Os dados não puderam ser confirmados de forma independente.
Eles dizem que foguetes com componentes tóxicos foram lançados contra o subúrbio de Ghouta, em um ataque de forças do governo contra rebeldes. Eles afirmam ainda que há mortos também nas regiões de Irbin, Duma e Muadhamiya.
A agência estatal Sana e o exército sírio negam a informação.
Caso confirmado, o número de mortos é muito superior a outros supostos ataques do tipo.
O diretor de uma comissão de inspeções de armas químicas da ONU que está na Síria, Ake Sellstrom, disse que viu vídeos dos supostos ataques.
"Parece-me que é algo que precisamos investigar", disse ele à agência sueca de notícias TT.
Essa decisão, no entanto, precisaria ser tomada pelo secretário-geral da ONU a pedido de algum país.

Pressão

Os Estados Unidos, o Reino Unido e a França convocaram a realização de uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, para discutir o suposto ataque.
O presidente francês, François Hollande, e o ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, pediram que os inspetores da ONU que estão na Síria tenham acesso à área onde teriam sido usadar armas químicas.
A Liga Árabe também pediu que os inspetores tenham acesso à região.
Imagens colocadas no YouTube mostram muitas pessoas sendo atendidas em hospitais e lugares improvisados, mas a autenticidade dos vídeos não pôde ser confirmada.
Mas um médico ouvido pela BBC que diz estar tratando os feridos confirmou que os sintomas dos pacientes – especialmente crianças – são consistentes com o uso de armas químicas: falta de ar, excesso de salivação e visão borrada.
“Há alguns tipos de sintomas que indicam que trata-se de fósforo, uma arma química. Pode também ser sarin, muito provavelmente”, disse o médico, Ghazwan Bwidany.
“Nós não temos a capacidade de tratar todas essas pessoas”, explicou. “Nós os estamos colocando em mesquitas, em escolas. Nós estamos com falta de suprimentos médicos, especialmente atropina, que é um antídoto para armas químicas.”
Em julho de 2012, o governo sírio deu indícios de que possui um estoque de armas químicas, que incluiria gás mostarda e sarin. O governo de Damasco disse que as armas nunca seriam usadas dentro do país.

Exército sírio

O Exército sírio classificou as acusações de uso de armas químicas como graves, mas também destacou o direito dos militares de lutarem contra o que classificam como terrorismo na Síria.
A instituição acusou a oposição do governo de fabricar a acusação para desviar a atenção das derrotas que as forças rebeldes sofreram recentemente.
A agência Sana diz que as alegações são “sem fundamento” e “uma tentativa de desviar a comissão de investigação de armas químicas da ONU de seus deveres”.
Os inspetores da ONU estão na Síria desde domingo. Eles foram investigar três outros lugares onde supostos ataques químicos foram perpetrados em março. Em um deles, na cidade de Khan al-Assal, 26 pessoas teriam morrido.
O editor da BBC para o Oriente Médio, Jeremy Bowen, disse que muitos se questionam por que o governo da Síria atacaria com armas químicas os rebeldes em um momento em que inspetores da ONU estão no país.
Mas Bowen diz que as imagens que estão saindo da Síria nesta quarta-feira são tão chocantes que dificilmente poderiam ser fabricadas.
O ex-comandante de um órgão de armas químicas e biológicas do Exército britânico, Hamish de Bretton-Gordon, também disse que é muito difícil fabricar imagens como as que estão sendo divulgadas agora.
Ele disse que os inspetores sírios possuem equipamentos suficientes para identificar que tipo de armamento teria sido usado no suposto ataque.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130821_siria_ataque_dg.shtml
Share:

0 comentários:

Postar um comentário